terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Ah, as mulheres do Cukor...




Aqui está o trailer do filme "The Women" (1939), realizado por George Cukor. O remake de Diane English não chega aos calcanhares da história muito mais assanhada e divertida da versão original. No filme de Cukor, que tem por base a peça de 1936 de Clare Boothe, o marido adúltero casa com a amante, que, por sua vez, o trai com outro. No final, a ex-mulher cornuda ainda tem o desplante de reconquistar o ex-marido cornudo. Ao lado disto, a versão moderna pareceu-me um pouco sensaborona e politicamente correcta, apenas com o picantezinho das lésbicas. Valham-nos os clássicos.

quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

terça-feira, 23 de dezembro de 2008

A alegria contagiosa dos doutores palhaços




Fazem consultas de “umbigos e doenças tropicais, garganta, ouvidos e macacos do nariz.” São especialistas em “conversas boas que não levam a lado nenhum” e andam sempre com o nariz vermelho. Desde 2002 que os artistas da Operação Nariz Vermelho animam crianças hospitalizadas de Norte a Sul do País. NOTÍCIAS MÉDICAS testemunhou a difícil e delicada arte destes palhaços doutores






O Dr. Cinho do Céu, bata branca, sapatos bicudos com losangos vermelhos, bolsos cheios de molas com sorrisos que vai prendendo à socapa na roupa de quem passa, faz a ronda com a Dra. Tutti-Frutti, bata branca, rosetas nas bochechas, boina vermelha, grande girassol na lapela e meias multicores.
São os doutores palhaços da Operação Nariz Vermelho (ONV), que NOTÍCIAS MÉDICAS acompanhou numa visita ao Instituto Português de Oncologia (IPO) de Lisboa, um dos 11hospitais que os 21 artistas da ONV visitam regularmente.
Nos corredores do IPO as pessoas esperam em bancos corridos, umas cabisbaixas, de olhar ausente, outras, distraídas na leitura. O ambiente muda num segundo quando os dois médicos extravagantes avançam por ali: ninguém fica indiferente e ninguém lhes regateia sorrisos. “Ai tão linda”, exclama uma senhora à passagem da colorida doutora palhaço.
Debruçam-se nos guichets e fazem conversa com os funcionários, brincam com os “colegas” médicos e com quem se cruza no seu caminho. No elevador que sobe até ao Serviço de Pediatria, quem entra não escapa a um ou outro comentário. Os doutores palhaços dizem “olá” ou “bom-dia”, gabam toilettes ou penteados, mas não são impositivos. A linha do humor é lançada delicadamente. Na verdade, é raro ver alguém que lhes resista.
“Por vezes, nós passamos e as pessoas riem. Nem é preciso falar. É só estar e ser”, afirmava depois Maria Zamora/Dra. Tutti-Frutti. Para José Ramalho/Dr. Cinho do Céu, o trabalho de um doutor palhaço é “mostrar que o hospital não é uma casa de dor.”

“Podemos entrar?”

Um fio de choro ouve-se a um canto do Serviço de Pediatria. A dupla de doutores palhaços aproxima-se da menina que chora agarrada à mãe e tenta cativá-la. Como ela resiste um pouco ao contacto, os palhaços vão desencantando estratégias de aproximação: o Dr. Cinho do Céu sopra-lhe bolas de sabão, que, diz ele, levam dentro “olás.” Em vão. A menina não sorri e mantém o rosto fechado, mas o que é certo é que o choro parou.
Mesmo ali ao lado, há um quarto de isolamento com o estore descido. A Dra. Tutti-Frutti tira do bolso uma minúscula caixa de música, que põe a tocar através do vidro. Passado um momento, o estore sobe e do outro lado do vidro vemos uma família: o pai e a mãe, com batas, e a filha pequena, de pijama. As brincadeiras sucedem-se com a porta pelo meio e ala para mais “consultas.”
Primeira regra de ouro: higiene. Antes de entrarem nos quartos das crianças, os doutores palhaços lavam sempre as mãos. Segunda regra de ouro: pedir autorização para entrar. “Respeitar uma criança no hospital é mágico”, afirma José Ramalho.
“Podemos entrar?” A menina fita-os da cama, mas não responde. Sem nunca pisarem a soleira da porta, o Dr. Cinho do Céu e a Dra. Tutti-Frutti atiram o isco da brincadeira, à espera da autorização, que, afinal, não vem. Não é raro encontrar crianças que recusam as visitas, mas segundo José Ramalho por vezes é só uma questão de tempo e de familiarização até que chamem os doutores palhaços.
Quando entram nos quartos, os artistas procuram fazê-lo “de ouvidos e olhos abertos” para a situação, sempre diferente, que encontram. Aqui não há fórmulas. “Não posso entrar num quarto com a ideia já formada de fazer um malabarismo de cinco bolas, porque se calhar, naquele dia, aquela criança só quer uma cantiga de três palavras.” Artista profissional — como a maioria na ONV — habituado à arena de circo, à maquilhagem garrida e ao público, José Ramalho teve de aprender a conter o lado festeiro do palhaço quando entrou há três anos neste projecto. “Dentro do hospital há outro universo. Aqui não posso ser 100% palhaço, a fazer barulho e a bater palmas. Tenho que aprender a dosear tudo isso.” Maria Zamora subscreve: “É preciso ir com calma. Aqui, não somos palhaços de festa nem de circo. Temos de ler o ambiente, criar uma ponte, se possível, e aí sermos agentes.”
O trabalho em duplas, que é de regra na ONV, torna o trabalho mais agradável e criativo pela cumplicidade que se gera entre os palhaços, mas serve, sobretudo, como estratégia de protecção. Explica José Ramalho: “Se eu disser Doutor, chamada urgente! a um dos meus colegas, ele sabe que, por alguma razão, eu tenho que sair daquele quarto. Se estivesse sozinho, isso seria mais duro.”
O nariz vermelho também ajuda. Para o Dr. Cinho do Céu é quase como um escudo. “O narizinho vermelho protege-me muito. Agora sou capaz de olhar para sangue, mas só porque tenho o nariz. Enquanto ando o dia inteiro pelo hospital, esta é a minha personagem, mas quando saio e viro a esquina, tudo aquilo começa a impressionar-me. Haja Zé!”

“Se não quiser rir, podemos chorar”


O corredor do Serviço de Pediatria vai-se animando com corrupios de crianças. “Estás engraçada”, atira uma menina para a Dra. Tutti-Frutti e põe-se a persegui-la no seu triciclo. À volta, a doutora palhaço aproveita a boleia do velocípede. Um menino de colo observa a cena através da porta envidraçada e aponta para os palhaços, curioso. Passado um momento, já tocava suavemente nos seus narizes vermelhos.
A visita continua. Entram num quarto onde um adolescente estuda a lição de Ciências da Natureza. Os doutores palhaços postam-se em frente dele e improvisam uma aula sobre o sistema digestivo. A Dra. Tutti-Frutti serve de modelo anatómico: aqui fica o “estrômago”, ali o “intestino grosso e magrinho”, vai dizendo o Dr. Cinho do Céu. Nisto, uma mãe entra no quarto e senta-se num canto a chorar, mãos na cabeça. Enquanto os doutores palhaço brincam, uma enfermeira aproxima-se e consola-a. José Ramalho confidenciava depois: “Estava desejoso de dar um abraço àquela mãe, mas senti que não era o meu momento. Era o espaço dela.”
Saber lidar com o sofrimento dos outros faz parte deste trabalho delicado, que exige sensibilidade e bom senso. José Ramalho lembra o dia em que entrou como doutor palhaço num quarto onde dormia um bebé entubado, com uma “mãe sofrida” ao lado. O olhar que lhe lançou deu-lhe a clara percepção de que não era bem-vindo. “Pode ir-se embora. Eu não quero rir”, disse a mãe e o doutor palhaço respondeu: “Então, se não quiser rir, podemos chorar.” E foi aí que ela sorriu. “Dei-lhe o que ela queria, que era espaço para a sua tristeza.”
Há reacções imprevisíveis, que surpreendem os próprios artistas. José Ramalho partilhou mais uma história: “Houve uma senhora que me agarrou e disse: Se nem Deus, nem os médicos me ajudam, veja lá se você me ajuda. Soprei-lhe bolinhas de sabão e perguntei-lhe: Está melhor? E ela responde: Estou.”




Há um lugar para o humor no hospital




A Operação Nariz Vermelho (ONV) — Instituição Particular de Solidariedade Social — foi fundada no dia 4 de Junho de 2002 por Beatriz Quintella, Bárbara Ramos Dias e Mark Mekelburg, americano, natural do Colorado, a viver em Portugal há uma vintena de anos.
A ONV assegura visitas regulares de palhaços profissionais aos Serviços de Pediatria de 11 hospitais no Norte, Centro e Sul do País. São eles, o Hospital de São João, no Porto, Hospital Pediátrico de Coimbra, Instituto Português de Oncologia de Lisboa e do Porto, Hospital de Dona Estefânia, Hospital de Santa Maria e Hospital de São Francisco Xavier, em Lisboa, Hospital Garcia de Orta, em Almada, Hospital de Cascais, Hospital Fernando Fonseca (Amadora/Sintra) e Centro de Medicina de Reabilitação do Alcoitão.
O trabalho dos artistas é remunerado e o serviço é oferecido aos hospitais pela ONV. O financiamento e a manutenção do projecto têm sido assegurados por quotas anuais da GlaxoSmithKline e da Fundação EDP e apoios de muitas outras empresas.
A ideia de fundar a ONV partiu de Beatriz Quintella, na sequência de uma estada em Nova Iorque onde conheceu o grupo que iniciou o trabalho de doutor palhaço: o programa Clown Care Unit do Big Apple Circus, criado em 1986 por Michael Christensen. A partir dos anos 90, o conceito foi replicado noutros países: no Brasil, surgiram os “Doutores da Alegria”, em França, “Le Rire Médecin”, na Alemanha, “Die Klown Doktoren”, ou em Espanha, o projecto “PayaSOSpital.”
Como diz Mark Mekelburg, “parte do sucesso deste trabalho é descobrir que há um lugar para o humor no meio hospitalar, mas respeitando todas as regras do jogo.”

O doutor palhaço como parte da equipa de cura


Todos os artistas que integram a ONV têm uma formação intensiva em módulos como “estrutura hospitalar”, “higiene”, “doença, dor e morte” ou “a criança e o cancro.” Em Fevereiro de 2006, a ONV viu o seu trabalho reconhecido pela Ordem dos Médicos. Foi um passo importante, reconhece Mark. “Isso encorajou o meio hospitalar a abraçar este projecto. Foi um momento de grande orgulho.”
A maior satisfação para os artistas da ONV é sentirem-se parte da equipa hospitalar. “O nosso trabalho tem encaixado harmoniosamente no trabalho dos profissionais de saúde. É muito satisfatório quando chegamos ao ponto em que não somos tratados como visitantes, mas como parte da equipa de cura.”
A ONV criou um Centro de Estudos para coligir informação sobre os efeitos da arte e do humor no contexto hospitalar, uma forma de “construir pontes” com os profissionais de saúde. Também já firmou protocolos de cooperação com a Escola Superior de Enfermagem Calouste Gulbenkian, em Lisboa, e com a Escola Superior de Enfermagem Bissaya Barreto, em Coimbra, com o objectivo de desenvolver técnicas para promover a humanização hospitalar.
“O nosso sonho é que todos os Serviços de Pediatria do País tenham doutores palhaços, mas, da nossa parte, estamos limitados pelos patrocínios que conseguirmos.” No entanto, com a experiência acumulada e com o patamar de profissionalização que a ONV já atingiu, afirma que a instituição estaria disponível para apoiar outros grupos que quisessem iniciar este tipo de actividades.
Além dos 21 doutores palhaços que animam os hospitais, juntam-se mais seis elementos que trabalham nos bastidores, da área financeira à comunicação e patrocínios, que Mark Mekelburg não quis deixar de aplaudir. “Trabalhamos como família.”

Ganhar acesso ao coração

Mark Mekelburg veste a bata branca como Dr. Pipoca. Sentir o entusiasmo das crianças com a chegada do palhaço ou conseguir cativar as que inicialmente mostraram medo são as melhores sensações destes artistas. “É muito gratificante quando respeitamos o espaço de cada criança e conseguimos, através da arte e da imagem do palhaço, construir uma ponte e ganhar acesso. A comunicação é o processo de ganhar acesso ao coração e isto resume o nosso trabalho.”
Mark guarda algumas histórias duras, mas ternas, de conquista e perda. Encontros marcantes com crianças, como aquela menina de sete anos que conheceu no IPO, que até tinha medo de palhaços e balões. Já com pouco tempo de vida, pediu expressamente uma visita do Dr. Pipoca. Mark recordou, emocionado, o funeral dessa menina, onde esteve presente como doutor palhaço. “Qual o papel do palhaço num hospital ou num funeral? Um palhaço tem lugar onde está o ser humano.”


Filipa Lourenço

Reportagem publicada no semanário Notícias Médicas nº3014, de 17 de Dezembro de 2008

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

...

elle me touche.
un froid.
mais je m'équilibre.
un saut,
deux sauts,
trois sauts.
je t'aime,
elle a dit.mais elle mentait et je le savais.
c'était évident.
oui.je me suis arrêté et elle a regardée.
j'ai fermé les yeux.
pendant un moment.
et une larme est tombée.
et c'est ainsi.
je t'ai dessiné dans l'horizon.
dans des tons bleu et blanc.
tu as été aussi jolie.
et je suis resté là à t'aimer.
encore je te réussis à sentir.
trés loin.
et je soupir.

A Thing of Beauty is a Joy for Ever

A thing of beauty is a joy for ever:
Its loveliness increases; it will never
Pass into nothingness; but still will keep
A bower quiet for us, and a sleep
Full of sweet dreams, and health, and quiet breathing.
Therefore, on every morrow, are we wreathing
A flowery band to bind us to the earth,
Spite of despondence, of the inhuman dearth
Of noble natures, of the gloomy days,
Of all the unhealthy and o'er-darken'd ways
Made for our searching: yes, in spite of all,
Some shape of beauty moves away the pall
From our dark spirits...

-- John Keats

Every Single one of us, the Devil Inside

Uma das coisas que mais me desagrada, é chamar monstros aos Nazis, ou aos Taliban, ou aos Kmer Rouge.



É óbvio que estes grupos, e outros, fizeram coisas monstruosas, mas os homens por trás de cada uma destas acções eram homens (e mulheres) como cada um de nós.

Apreciavam arte, gostavam dos seus filhos, e faziam o que achavam estar correcto - E o que estava correcto era em muitos casos obedecer aos seus chefes, a combater "eles", o inimigo que "nos" ataca.



Ora, acho importante lembrarmo-nos disto por várias razões:

1) Nós podemos transformamo-nos nesses monstros, se não tivermos atenção

2) Os erros da história podem, e serão repetidos

3) "Eles" são seres humanos como nós

O Preço da Paz é a eterna vigilância.

sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

I do not know..

A adesão à greve dos trabalhadores da manutenção da TAP nos turnos da noite e manhã é superior a cem por cento, disse hoje à Lusa o presidente do Sindicato dos Técnicos de Manutenção de Aeronaves (SITEMA).

Link.

Expliquem-me como é possível a adesão a uma greve ser superior a 100%. 100% é o todo, correcto? Portanto se uma adesão for igual a 100%, todos os trabalhadores da empresa fizeram greve.

Como devo interpretar uma “adesão superior a 100%”? Não só os trabalhadores fizeram greve, como as famílias dos trabalhadores fizeram greve?

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

New Machine

De facto
Os computadores novos são tão mais
Silenciosos
E de facto é verdade que
Me afeiçoei ao computador antigo

You know, machines have souls & love

Aleluia



"There's a blaze of light
In every word
It doesn't matter which you heard
The holy or the broken Hallelujah"

Para ti.

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Afinal, não és um neandertall

Achei isto catita, do Io9:

If ancient homo sapiens got it on with their Neanderthal cousins, there were no children to show for it. Researchers studying Neanderthal DNA have sequenced half of the Neanderthal genome, and shoot down the theory that European humans interbred with the now-extinct species. And the team says the genome has other things to teach us about Neanderthal life, including their sexual proclivities.

Call me book

Um livro é algo lindo
É o génio de um homem condensado num romance
A memoria de gerações condensada numa enciclopédia
A labuta de todos nós em qualquer livro técnico.
E por isso, um livro é mais que uma história e conhecimento, é um objecto com um valor intrinsico, pelo que representa: O melhor da nossa humanidade. Mesmo os livros maus, têm em si valor, pois se o resultado não é aquele que queriamos, o processo será sempre um que nos honra como seres humanos.
Portanto, quero estar rodeado de coisas lindas
Livros

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

In Praise of Idleness

O filósofo Bertrand Russell escreveu isto em 1932: " (...) I want to say, in all seriousness, that a great deal of harm is being done in the modern world by belief in the virtuousness of work, and that the road to happiness and prosperity lies in an organised diminution of work."

domingo, 7 de dezembro de 2008

Olá

:)

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

We're the great