quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Peixinhos do rio


No Fluviário de Mora vimos peixes esguios e outros bojudos, de órbitas saídas e apalermadas, uma rã gorda, de olhar grave e pensativo, um cágado dormente, esturjões de focinho afivelado, trutas de bocas esquisitas, pintalgadas de verdete, peixes com bigodes e lábios apertados (os peixes têm sempre um ar preocupado), pimpões e enguias, peixinhos e peixões roçando-se, amorosamente indiferentes, uma raia esvoaçante que fazia acrobacias com uma boca fendida que sorria, os belíssimos fantasmas negros, espécie de facas dançantes, uma perereca venenosa, pousada na terra húmida e escura, uma enguia eléctrica sem potência, metida a um canto, piranhas vermelhas luzidias, de ar bem nutrido, uma sufocante anaconda adormecida, felinos e frenéticos peixes-gato, pejados de bolas pretas, os vidros dos aquários lambuzados pelas mãos das criancinhas e ouvimos: “Não toques na raia!” “Toco, sim! Vês, é tão fofinha…”

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