quinta-feira, 30 de abril de 2009

Adriano Moreira dixit


“A ideia de que o tempo se conta em unidades de vida aconselha a admitir que a única coisa que se pode fazer com o tempo é não o perder e que o tempo, por sua vez, faz implacavelmente a sua obra de esgotar as nossas unidades de vida: de vida feliz, de vida inquieta, de vida sofrida, de vida suspensa, de vida perdida. Em todo o caso, com o amparo de que não envelhece quem envelhece ao nosso lado (os amigos, os filhos, a mulher amada), passa o tempo consumindo as nossas unidades de vida. Vincaram-se as rugas, amortece a luz do olhar, ficam lentos os passos, mas nunca se extingue um sorriso que regressa, um gesto que se reencontra, uma mão que subitamente aperta a nossa com firmeza, cúmplice, calorosa, companheira, sempre jovem.”

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