terça-feira, 21 de julho de 2009

Fim de tarde no Goethe



Fim de tarde no jardim do Instituto Goethe. O contrabaixo de Carlos Bica conversava com o piano de João Paulo e um pássaro, empoleirado algures numa árvore, metia-se na conversa, com um jeito assombroso. Parecia ensaiado. Aquele pássaro gostava de jazz. O Carlos Bica arrancava do contrabaixo sons que eu nunca imaginei que ele fizesse. As melodias eram suaves e envolventes, mais frenéticas, outras, ao improviso. O pátio do jardim estava repleto de cadeiras com gente sentada. Ficámos em pé, o castigo dos retardatários, mas ainda assim foi bom, para poder observar o frenesim à minha volta, enquanto o piano, o contrabaixo e o pássaro tocavam. Primeiro os cheiros: o da ingénua salsicha "alemão" grelhada, que ia e vinha escoltada nos pratos pela robusta salada de batata "alemão". Havia o cheiro da cerveja e a vida nas mesas: a mãe a partir uma perninha da rosquilha e a dar o resto ao filho; a empregada a equilibrar copos e pratos nas mãos; o JPSimões (era ele) sentado numa mesa, a segurar o seu perfil à Marcelo Mastroianni; um bebé de saias e babete a palrar; e o rapaz e a rapariga agarrados, em pé.

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